Nós precisamos de Zami, das memórias
que compõem este livro, pois são memórias e
histórias que nos atravessam, ainda que não
sejam contadas ou que sejam postas em silêncio
por pudor, por vergonha imputada, em nome da
ordem, porque insistem em dizer e tentar nos
convencer de que aquilo que somos não é certo ou
não importa. Zami guarda histórias pelas quais
almejamos porque são nossas histórias.
Lorde, você nos ensina a encontrar voz e
a saber usá-la, a buscar aquelas palavras das
quais precisamos e desejamos. Que presente
inestimável te encontrar nesta vida, te encontrar
mais uma vez aqui. Zami, pensei, ao chegar ao fim
de suas páginas já com saudades, é um dos galhos
daquelas árvores que a pássara sem pés tanto
procurou, pois aqui, no abrigo de suas folhagens,
pousamos em segurança como no colo de nossas
mães, todas elas.
— Cecília Floresta, no prefácio