A Coleção África aqui apresentada começou a se formar há cerca de vinte anos. Não houve, nessa primeira
reunião de peças, uma diretriz curatorial ou um recorte acadêmico, mas uma atração de ordem estética, provocada
pelo contato com uma peça Baga no museu do Louvre, em Paris – como ocorre com grande parte dos ocidentais
também aqui o conhecimento sobre as manifestações artísticas dos povos africanos se deu nas seções de
etnografia das instituições europeias. Ao aproximarmo-nos delas não apenas reconhecemos a fonte de que
beberam artistas essenciais da história da arte do século XX – Picasso, Brancusi, Giacometti – como, como
brasileiros, pudemos identificar elementos formativos de nossa cultura. Percebemos, assim, que trilhávamos um
caminho entre a descoberta e o reencontro; estávamos diante de algo completamente novo e ao mesmo tempo
familiar e ancestral.