Diáspora não é lar é corte latejante. Quando o li, de uma só vez, senti a força das palavras que atravessam gerações, campos e continentes, palavras do passado e ainda do presente, que fizeram e fazem sentido. O novo lar, que deveria ser passagem e se tornou permanente, é e não é. Mas o dia a dia torna lar o lugar, não lugar, dessa passagem que se tornou o que nos constitui hoje, aqui e agora.
Neste livro, nina rizzi se propõe a “recuperar e ressignificar linguagens, mas também criar linguagens”, numa diáspora em que a língua falada é nova e não é. É a “linguagem do opressor, e mesmo assim preciso dela para falar”.
Na construção poética da autora, a poema se manifesta sobretudo no pretuguês, que está “no centro, não nas periferias ou à margem”. E, em meio aos versos que rememoram episódios de racismo sofridos na infância, juventude e vida adulta, nina aborda o amar-se como forma de resistência, ante uma sociedade que não tem “problemas com gente preta”, mas prefere que “não as há”. Obrigada por nos confiar essa preciosidade para publicação.
Mariana Warth