Obra-síntese do senegalês Cheikh Anta Diop, um dos intelectuais africanos mais importantes do século XX. Nesse livro, ele revisita mais de três décadas de sua produção intelectual, dedicada a fundamentar a tese de que a África é o berço não apenas da origem biológica de nossa espécie, mas da civilização humana, inclusive do chamado Ocidente.
O projeto intelectual de Cheikh Anta Diop foi repensar as origens da civilização humana. Um ponto fundamental dessa empreitada consistia em corrigir o que ele chamava de “grotescas e grosseiras falsificações da egiptologia moderna” — a mais importante delas sendo a negação de que a civilização egípcia fosse negra.Demonstrando erudição monumental, Diop mobiliza conhecimentos dos mais variados campos –– paleontologia, arqueologia, antropologia física, biologia molecular, linguística etc. –– a fim de criar “conceitos científicos operatórios” capazes de corrigir esse e outros equívocos. Seu objetivo maior é fazer com que a origem africana da civilização humana se torne um “fato da consciência histórica mundial”.Severamente criticada e considerada enviesada e controversa por alguns, a perspectiva de Diop tem sido celebrada por outros como uma abordagem inovadora, que antecipou debates, preparou caminho para a atual crítica do eurocentrismo e já nos alertava para, como mais tarde formularia Chimamanda Ngozi Adichie, “o perigo de uma história única”.