O leitor pode se perguntar por que, passados mais de oitenta anos da morte de Federico García Lorca, ainda é importante traduzir e publicar a parte mais conhecida de sua obra dramática no Brasil. O que torna esses textos ainda interessantes para o público brasileiro do século XXI? E haverá companhias dispostas a encená-las, apesar de serem peças com um grande número de personagens e cenários diferentes, o que, certamente, demanda elevados recursos humanos e financeiros?
Se este mesmo leitor souber que, antes delas, há outras várias traduções, as perguntas podem ter ainda mais sentido. Não seria válida ainda a primeira tradução, feita em 1944, pela poeta Cecília Meireles? Afinal, trata-se de um poeta traduzindo outro poeta, uma vez que o teatro de Lorca está impregnado de poesia. Ou mesmo alguma das demais traduções posteriores, elaboradas ao longo de quase um século, por vários pesquisadores e artistas?
Uma das possibilidades de resposta é que as traduções, diferentemente das obras que as originam, envelhecem. A língua é dinâmica e mutável.